sexta-feira, 1 de abril de 2011

Ensinar pela Imagem

O ensino pela imagem remete-nos para um reconhecimento e valorização da própria imagem, isto é, a imagem assume uma linguagem específica e deixa de ser apenas um auxiliar ao serviço de outras linguagens. (Lencastre & Chaves, 2003)


Achamos que esta situação é mais evidente nos primeiros anos do ensino básico. Frequentemente, recorremos a imagens para associar as letras à imagem. Por exemplo, mostramos à criança e afixamos nas paredes da sala de aula, sucessivos cartazes em que a letra do abecedário está associada a uma imagem relacionada com a mesma letra. Parece-nos imprescindível que assim seja. O que seria um livro do 1º ano, por exemplo, sem imagens? A aprendizagem tornar-se-ia muito difícil, certamente.


Quando utilizamos a imagem para ensinar estamos a ler essa imagem. No entanto, é evidente que ler imagens não é assim tão linear, pois a nossa visão faz uma selecção daquilo que nos atrai a atenção, tornando, assim, a nossa leitura parcial. (Lencastre & Chaves, 2003)


Visto que o ensino pela imagem poderá trazer algumas desvantagens, se mal utilizado, Lencastre & Chaves alertam para algumas regras que devemos levar em conta na aplicação deste método de ensino.


Estes autores defendem que devemos exibir a(s) imagem(ns), sempre, duas vezes, delineando, assim, duas etapas.


Os autores citam Moderno para denominar a primeira etapa de “vagabundagem visual”. Nesta etapa os alunos vêem de forma espontânea, não há mediação por parte do professor.


Num segundo visionamento, faz-se um “inventário da imagem”. Nesta segunda etapa, o professor conduz um diálogo com os alunos no sentido de explorar a imagem, chamando a atenção dos alunos para os aspectos mais importantes, levando, por isso, a um estudo mais científico. (Lencastre & Chaves, 2003)


O papel do professor assume-se como um moderador. Achamos que o professor nunca poderá ser banido das salas de aula. É certo que o professor tem vindo a ocupar diferentes posições e a desempenhar diferentes papéis à medida que o mundo evolui, no entanto, parece-nos, evidente a presença (nem que seja à distância, por exemplo, através do e-learning) de um professor no processo de ensino-aprendizagem.


Muitos professores, ainda temem, ensinar pela imagem, pois acham que poderão ser substituídos por elas, ou então, porque pertencem a uma geração que não cresceu com as imagens e, por isso, não se sentem confortáveis nesta área. Talvez, o estado da educação no nosso país, seja inibidor de professores que queiram inovar um pouco, pois facilmente, podem cair no ridículo, visto esta nova geração dominar os ecrãs e as imagens com mais facilidade do que as gerações modernas.


Lencastre & Chaves (2003) dizem precisamente o contrário: “a imagem não substitui o professor” e citam Bullaude para reforçar a ideia de que “a imagem é um prolongamento das capacidades de comunicação do professor e implica-o muito directamente no ensino-aprendizagem.


O papel da imagem no acto ensino-aprendizagem só será reconhecido, se houver uma integração da informação adquirida nos conhecimentos que o aluno já detém.


Para que o ensino pela imagem seja eficaz é necessário que os alunos sejam alfabetizados visualmente.


Ser alfabetizado visualmente é dominar uma linguagem e servir-se dela como elemento de comunicação. É ter a capacidade de diferenciar o essencial do acessório; o que a imagem representa e o que significa.


Alfabetizar visualmente é uma tarefa lenta e progressiva, que levará bastante tempo a concluir-se, tal como ensinar a ler e a escrever.


Tal como para ler e escrever os alunos conhecem um alfabeto, também para ler imagens os alunos precisam deter um alfabeto visual, que os educará e capacitará para analisar criticamente as mensagens visuais e compor mensagens icónicas ou combiná-las com outras linguagens. (Lencastre & Chaves, 2003)


Lencastre & Chaves (2003) recorrem a Vallet para defenderem que ensinar o aluno a ler imagens significa capacitá-lo para que seja crítico e exigente.


Com a leitura de imagens o professor ensina a pensar. Lencastre & Chaves (2003) afirmam que para esse facto se concretizar é necessário ter presente duas vertentes:


- a leitura denotativa ou objectiva que consiste na descrição da imagem;


- a leitura conotativa ou subjectiva que consiste na interpretação da imagem.


A estas duas vertentes, Lencastre & Chaves (2003) citam Bullaude para acrescentar uma outra categoria:


- o núcleo semântico da linguagem visual, ou seja, a zona de maior significado da imagem; aquilo que nos ajuda a distinguir o que é nuclear do que é acessório.


De acordo com Aparici & Garcia-Matilla, citados por Lencastre & Chaves (2003), existem duas teorias para abordar a leitura de imagens:


- a tipográfica que é semelhante à da leitura de um texto (tendo em conta a direccionalidade da leitura: de cima para baixo; da esquerda para a direita);


- teoria da Gestalt, que da primeira impressão global obtida, se vai concentrando nos diferentes núcleos de interesse.


Podemos, assim, concluir que a imagem, desde que bem utilizada, é facilitadora de aquisição de conhecimentos, é capaz de, facilmente, captar a atenção dos alunos e levá-los a participar activamente na aula.


Estamos de acordo com Lencastre & Chaves (2003) quando dizem que “a nova geração nasceu num mundo rodeado de imagens, e cabe ao professor a responsabilidade da sua introdução de forma eficiente na sala de aula, ensinando os alunos a gerir a informação e a comunicar com e pelas imagens”.





Referência Bibliográfica:





LENCASTRE, José Alberto & CHAVES, José Henrique (2003). Ensinar pela imagem. Revista Galego-Portuguesa de Psicoloxía e Educación. Nº8. Vol.10. p.2100-2105







3 comentários:

  1. Parabéns Vera e Sandra conseguiram realizar uma sintese de muito boa qualidade, apresentando as ideias num crescendo de complexidade mas utilizando sempre uma linguagem clara e revelando um enorme cuidado na forma de citar e referenciar.
    Fico muito contente por verificar o vosso progresso na realização deste tipo de tarefa!

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  2. Depois de fazer o comentario anterior verifiquei que o vosso blog ainda precisa de ser melhorado a varios niveis: falta completar o perfil com uma foto do grupo, incluir a lista dos blogues dos colegas e ainda incluir seja widgtes de interesse ou mesmo uma lista de links para sites que considerem importantes no contexto desta UC.
    Abraço
    CC

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  3. Olá de novo! Vejo que o blog tem um tema adequado idade dos alunos mas precisa de ser mais trabalhado em termos de funcionalidades: links de interesse, ligações para os blogs dos colegas, fotografia das administradoras...
    Também deviam estudar uma forma de ser mais legivel a missão do blog...

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